sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Post inaugural: Ser para a morte

Criei esse espaço inspirado no blog recém aberto de um amigo. Assim como eu, ele também não liga muito para blogs. Entretanto, mesmo assim ele abriu um blog. Por quê? Só ele pode efetivamente responder tal pergunta. No meu caso, abrir um blog vai ajudar a satisfazer algo que gosto muito de fazer - e acho que não sou o único que gosta. Quem é que não gosta de compartilhar com os outros as coisas que considera engraçadas, bonitas, enfim, as coisas que você simplesmente considera? Esse é o objetivo do blog: compartilhar textos e outras coisas com os poucos leitores que ele terá. Além disso, vez ou outra falarei aqui da dissertação que estou escrevendo sobre a experiência da guerra no pensamento antigo.

A criação deste blog foi um processo engraçado. Eu descobri lá pelas tantas que tinha que dar um nome p/ essa coisa. Nesse instante eu pensei na criatura que batizou a filha de "Talula Dança a Hula do Hawaii". Decidi que o blog teria um nome legal e simples. Comecei a procurar um. Philosophia? Não, ocupado. Pólemos? Não, ocupado. Uma a uma, as primeiras ideías que tive revelaram-se nomes que já estavam ocupados.

Foi então que pensei: "Preciso de um nome original, algo que só eu tenha pensado, algo que fará com que os outros lembrem de mim e me reconheçam". Foi então que surgiu a idéia perfeita: TUDO MENTIRA! Sim, é a idéia perfeita. Surgiu quando entrei no meio de uma discussão dizendo 'Tudo mentira'. Instantaneamente eu já me encontrava numa conversação, com uns realmente achando que eu fazia parte da conversa, enquanto outros riam horrores. Sim, o nome é ideal. E ninguém seria tão maluco ao ponto de pensar nisso... ... nome ocupado.

"Deuses, e agora?", eu pensei. Havia algum debilóide em algum lugar do mundo tão debilóide quanto eu. Fui dormir, iria pensar no maldito nome uma outra hora. Acordando no outro dia, fui estudar. É o texto de um pensador alemão que sustenta que o que faz o homem ser homem é o "Ser-para-morte". Segundo esse pensador, só o homem morre. Só o homem experimenta a morte como morte. O animal não morre, o animal acaba; o homem morre. Morrer não é acabar; morrer é experimentar a todo o tempo a possibilidade do fim. Por experimentar isso a todo o instante, o homem cuida da sua existência e faz coisas que possam, de algum jeito, eternizá-la. "Ser-para-morte". Nomezinho bacana. Quem sabe ele não seja o nome do blog? Mas, bah, isso é um conceito de um filósofo super conhecido. Certamente algum estudioso ou um outro maluco feito eu já deve ter pensado nisso... ... nome não ocupado.

Estranho, não? Um nome idiota, surgido num momento ímpar de idiotice e palhaçada, está ocupado, enquanto outro nome, muito mais simples, importante e universal, estava desocupado. Que coisa...

Cuido muito mal de cachorros, então não sei se isso vai em frente. Mas também não sei se isso não vai em frente, então...

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A Criança que Pensa em Fadas


A criança que pensa em fadas e acredita nas fadas
Age como um deus doente, mas como um deus.
Porque embora afirme que existe o que não existe
Sabe como é que as cousas existem, que é existindo,
Sabe que existir existe e não se explica,
Sabe que não há razão nenhuma para nada existir,
Sabe que ser é estar em algum ponto
Só não sabe que o pensamento não é um ponto qualquer.

(Alberto Caeiro)


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