domingo, 12 de outubro de 2008

O imortal Cartola

Por ROBERTO VIEIRA

Há 100 anos nascia Cartola.

Mas não aquele cartola com letra minúscula, cartola de fraque e capital.

Há 100 anos nascia Cartola. Poeta. Nobre. Imortal.

Cartola que foi viver na Mangueira desde os tempos em que o Mangueira jogava futebol com os craques da fábrica de chapéus.

Mangueira que perdia por 24 x 0 do Botafogo, porque tudo no mundo acontece.

Vendo que o Mangueira era bom de samba e ruim com a bola no pé, Cartola aos 19 anos chamou os amigos e fundou a tradução musical do futebol brasileiro:

A Escola de Samba Estação Primeira de Mangueira.

Pois em cada drible de Paschoal Cinelli havia um acorde de Carlos Cachaça.

Na harmonia de Heitor dos Prazeres, um gol de Nilo e Nonô.

Como o mundo é um moinho, Cartola compunha suas canções enquanto enfrentava a fome e a solidão. Lavando carros.

Sorrindo ante a mocidade perdida.

Até que um dia apareceu uma rosa chamada Euzébia Silva do Nascimento. Ou melhor, Dona Zica.

Como a Dona Guiomar do Mestre Didi.

Alvorada em pleno inverno do seu tempo. Como um gol no último minuto de uma final de campeonato.

E na prorrogação de sua vida, Cartola virou o jogo nas cordas de aço.

Poeta idolatrado pelas novas gerações de sambistas.

Nobre senhor de rimas e versos de outrora.

Imortal, pois só Cartola entendeu a linguagem das rosas...

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

A guerra

A pesquisa que ando desenvolvendo gira em torno da guerra. Quero explicar um dos motivos que me faz estudar isto com afinco: quero descobrir porque o Ocidente, antes de todas as outras culturas, transformou a guerra de extermínio no elemento central de sua cultura. Nenhuma outra cultura, a não ser o ocidente, poderia ter colocado todas as suas forças a serviço da arte de matar como, por exemplo, fizeram os europeus em Verdun, palco de uma terrível batalha durante a primeira guerra mundial: uma abordagem industrial sustentada da matança pior que qualquer massacre tribal. Nenhuma tribo indígena americana ou zulu poderia comandar, suprir, armar, matar e substituir centenas de milhares de homens durante meses a fio em nome de causas políticas abstratas. O mais famoso dos índios, temido por comer o coração de seus adversários para tomar-lhe a força, teria voltado para casa depois da primeira hora em Gettysburg, na guerra civil americana.

Um dos motivos dessa letalidade, penso eu, está no fato da guerra ocidental não ser perturbada por rituais, tradições, religiões ou ética, mas apenas pela necessidade militar. Em suma, o que me interessa nessa pesquisa é descobrir porque o ocidente viu na guerra um método para fazer o que sua política não consegue, estando dispostos a destruir, ao invés de impedir ou humilhar, quem quer que esteja em seu caminho. Dou de cara com umas coisas enquanto pesquiso e fico angustiado. Mesmo quem conseguiu escapar de tiros e granadas teve a sua vida totalmente destruída pelos fantasmas da guerra.

Bem, segue o texto que serviu de molde para uma apresentação sobre Nietzsche que fiz, há algum tempo, para o grupo PET de psicologia na UFES. A apresentação foi chamada de Ciência e Política no pensamento de Nietzsche. Isso é apenas um molde, não é um texto completo e detalhado.

Aforismo n. 373 da Gaia Ciência, Ciência como preconceito: “Que a única interpretação justificável do mundo seja aquela em que vocês são justificados, na qual se pode pesquisar e continuar trabalhando cientificamente no seu sentido, uma tal que permite contar, calcular, pesar, ver, pegar e não mais que isso, é uma crueza e uma ingenuidade, dado que não seja doença mental, idiotismo”. Crueza e ingenuidade porque tal movimento se dá a partir de uma cristalização numa perspectiva dada, onde, assim, o que se procura é assegurar o conhecimento já possuído, procurando estabelecê-lo como o único meio a partir do qual se deve ler o real. Para Nietzsche, tal movimento se funda num erro: o de pensar que existem verdades em si, que excluem totalmente a não-verdade, procurando estabelecer a perspectiva verdadeira hegemonicamente, não sendo aberta a outras. A sedimentação, estruturação e sistematização desse erro Nietzsche chama de “Conhecimento”, apontando para a Teoria do Conhecimento (Descartes). “Queremos de fato permitir que a existência nos seja de tal forma degradada a mero exercício de contador e ocupação doméstica de matemáticos? Acima de tudo, não devemos querer despojá-la de seu caráter polissêmico: é o bom gosto que requer, meus senhores, o gosto da reverência ante tudo o que vai além do seu horizonte”.

A ciência tende, assim, a unidimensionalizar a realidade, fazê-la aparecer sob uma perspectiva, uma dimensão. A compreensão unidimensional da realidade atinge a tudo, inclusive, o homem, e engloba toda a realidade. Esta 'cientifização' do real contaminou também a política, é o que parece nos dizer Nietzsche. A universalização dessas noções está no bojo da crítica que Nietzsche faz a política de seu tempo, que está enraizada em compreensões universais e vazias do que sejam as coisas. “A humanidade! Já existiu velha mais medonha, entre todas as velhas? Não, nós não amamos a humanidade; por outro lado, estamos longe de ser suficientemente “alemães”, como hoje é corrente a palavra “alemão”, para falar em prol do nacionalismo e do ódio racial, para poder nos regozijar do nacionalista envenenamento do sangue e sarna de coração, em virtude do qual cada povo da Europa de hoje se fecha e se tranca, como se estivessem todos de quarentena”. Se por um lado Nietzsche nega uma visão universal do homem, por outro, também rejeita ser um “alemão”, pois os nacionalismos que surgem são, para Nietzsche, um contra-movimento ao universalismo: os nacionalismos são movimentos onde os povos procuram se afirmar como A humanidade, como a via segura, plena e certa da humanidade. “Bem preferimos viver nas montanhas, à parte, 'extemporaneamente', em séculos passados ou vindouros, apenas a fim de nos poupar o mudo furor a que nos saberíamos condenados, como testemunhas de uma política que torna desolado o espírito alemão, ao torná-lo vão, e que é, além de tudo, política pequena: não necessita ela plantar sua própria criação entre dois ódios mortais, para que esta não se desfaça imediatamente? Não tem ela de querer a perpetuação dos pequenininhos Estados europeus?”. Segundo Nietzsche, à medida que os povos Europeus buscam afirmar-se enquanto a humanidade, não enquanto eles mesmos, cria-se ai um ambiente perfeito para gestar a criação da “política pequena”, que é a própria criação da vontade de verdade: de uma tranquilidade que permita ao homem furtar-se de ter de vir a ser o que ele é. A política pequena, assim, é o reino da subjetividade humana, o lugar onde se decide a perpetuação do que é velho e doente, onde se preza pela tranquilidade. Esse periodo, para Nietzsche, é a “era clássica da guerra, da guerra instruída e ao mesmo tempo popular na maior escala (dos meios, dos talentos, da disciplina)”.

À guisa de conclusão, tentarei acenar para o que Nietzsche chama de “Grande Política”. A Grande Política pode ser compreendida como a política dos sem-patria. O próprio Nietzsche considera-se um sem-patria, pois sente-se um completo estranho no lugar onde vive: “Não 'conservamos' nada, tampouco queremos voltar a algum passado, não somos em absoluto 'liberais', não trabalhamos para o 'progresso' (...)”. Nietzsche não concebe a habitação do homem, sua pátria, como sendo determinada biologicamente, como o pertencimento a uma raça, ou nacionalmente, como o pertencimento a um tipo de nacionalismo. O sem-pátria, para Nietzsche, é aquele que sempre e a cada vez precisa conqusitar a sua casa, a sua pátria, o seu lugar. E isso se dá porque tal lugar é algo que sempre se perde. Um fragmento de Heráclito, pensador que Nietzsche admira, pode nos ajudar a esclarecer: “A morada do homem, o extraordinário” (frag. 119). A morada do homem – onde ele sempre está, o local que lhe é mais ordinário, comum – é o extraordinário. Com o extraordinário, porém, não se pode lidar ordinariamente – não se pode lidar buscando a tranquilidade, segurança, previsibilidade, mas torna-se necessária uma lida extraordinária com o extraordinário – uma lida que procure originariamente (no sentido de haurir da origem, não de compreensões derivadas dela), sempre e a cada vez, ser o que ele mesmo é. A Grande Política, assim, não se esgota nunca em um sistema político, mas sim a forma como podemos pensar a via pela qual o homem estabelece os seus lugares no mundo. A Grande Política gira em torno do tornar-se familiar com o mundo, no sentido de transformá-lo em sua morada.

Saint Exupéry

"Jean-Marie Conty falará, aqui, sobre os pilotos de testes. Conty é politécnico e acredita nas equações. Ele tem razão. As equações engarrafam a experiência. Mas é raro, afinal de contas, no campo da prática, que nasça da análise matemática a máquina, como o pinto nasce do ovo. A análise matemática precece, às vezes, a experiência. Mas, muitas vezes, contenta-se por codificá-la, o que, aliás, é um papel essencial. Medidas grosseiras demonstram ue as variações de tal fenômeno estão perfeitamente figuradas por um ramo de hipérboles. O teórico, portanto, codifica essas medidas experimentas pela equação da hipérbole. Mas demonstra, também, por grandes esforços de análise, que não poderia ser de outra forma. Quando medidas mais rigorosas lhe permitirem aperfeiçoar sua curva, que doravamente se parece muito mais a uma curva de uma fórmula completamente diferente, ele codifacará o fenômeno com mais vigor, por esta nova equação. Mas demonstrará, por esforços não menores, o que era previsível, desde sempre.

O teórico crê na lógica. Acredita desprezar o sonho, a intuição e a poesia. Não vê que elas se disfarçam, essas três fadas, para o seduzir como um apaixonado de 15 anos. Não sabe que lhes deve seus mais belos achados. Elas se apresentam sob o nome de "hipóteses de trabalho", de "condições arbitrárias", de "analogia"; como poderia o teórico suspeitar que enganava a lógica austera e que, ao escutá-las, escutava o canto das musas... ?

Jean-Marie Conty contará a bela existência dos pilotos de teste. Mas ele foi politécnico. E afirmará que logo o piloto de testes não será mais, para o engenheiro, que um instrumento de medida. E eu por certo acredito nisso, como ele. Acredito, também, que vira o dia em que, sofrendo sem saber por que, nos entregaremos a uns físicos que, sem sequer nos interrogar, nos tirarão uma amostre de sangue da qual deduzirão algumas constantes a serem logo multiplicadas, umas pelas outras. Depois do que, consultando uma tábua de logaritmos, nos curarão com uma pílula. E, no entanto, quando eu sofrer, irei provisoriamente a um velho médico do interior, que me observará do canto do olho, baterá na minha barriga, colará contra meus ombros um velho lenço, através do qual escutará. Depois, tossirá um pouco, acenderá o cachimbo, esfregará o queixo e me sorrirá para melhor curar.

Ainda acredito em Coupet, Lasne ou Détroyat, para quem o avião não é somente uma coleção de parâmetros, mas um organismo que ausculta. Eles aterrissam. Discretamente, rodeiam o aparelho. Com a ponta dos dedos, acariciam a fuselagem, batem levemente na asa. Não calculam, meditam. Depois, dirigem-se ao engenheiro e, simplesmente: "Ai está... é necessário encurtar a asa".

Admiro a Ciência, é verdade. Mas admito também a Sabedoria.

A. de Saint Exupéry"

Thich Quang Duc

Thich Quang Duc, vietnamita e monge budista, ficou famoso por ter ateado fogo no próprio corpo durante a guerra do Vietnã. Testemunhas dizem que ele permaneceu imóvel e em silêncio enquanto as chamas consumiam o seu corpo. Dizem as línguas que ele fez isso para protestar... gostaria de falar um pouco sobre isso.

Derek Bishop, num site, diz que a ação do monge foi errada. "I wish to underscore that what Thich Quang Duc did was wrong", 'Gostaria de sublinhar que o que Thich Quang Duc fez é errado'. Bishop ainda faz uma crítica ao budismo e a várias outras experiências místicas humanas, acusando-as de criarem um âmbito fora do mundo que é tomado como ideal, fazendo com que o homem esqueça de cuidar das 'coisas terrenas'. Por fim, Bishop diz que a ação do monge e o discurso búdico sobre o fogo não são sinais de um pensamento holístico, integrador e emancipatório. Em suma, Derek parece repetir a crítica nietzscheana ao cristianismo e a toda forma de além-mundo.

Eu não conheço o budismo. Então, na minha qualidade de desconhecedor do budismo, gostaria de dizer que Derek Bishop também desconhece budismo. Além disso, parece ignorar que uma guerra terrível, mais terrível do que nós podemos imaginar, aconteceu lá. É uma situação parecida a que Saint Exúpery vivenciou, a ponto de fazê-lo admitir: "Odeio este planeta", "Odeio a minha época com todas as minhas forças", "tenho a impressão de estar caminhando para os tempos mais negros do mundo". Saint Exúpery disse isso acerca da segunda guerra mundial. Algumas décadas depois, eclodiu a guerra do Vietnã. Pasmem: um dia de operação nesta guerra superou (em termos de energia, de poder utilizado) quase a totalidade da segunda guerra mundial, de acordo com alguns estudos. Mas Exúpery ainda teve alguma sorte: encontrou alguma paz no deserto do Saara, onde pode escrever Homens da Terra e experimentar o que é um mundo cheio de sentido e coisas belas. Exúpery chega a admitir que os desertos não estão onde pensamos: o Saara, para ele, era muito mais vivo que Paris.

Thich Quang Duc vivenciava um momento complicado: os monges budistas eram perseguidos por soldados sob a acusação de acolherem 'criminosos', templos eram cercados... enfim, o que ele considerava o maior tesouro do Vietnã, o budismo, estava sendo esquecido. Se nos colocarmos nessa situação, podemos ser tomados por uma tristeza sem medida, por uma depressão avassaladora e uma total descrença no mundo onde vivemos. A distância e a segurança de nossas casas nos impede de conhecer esse tipo de desespero. Quero atentar aqui para a palavra, des-espero, é o estado de espírito que se instaura quando toda espera (toda esperança) se revela vã. Quando não se abre mais nenhuma possibilidade de que as coisas sejam diferentes. Nessas horas, vale tudo: quem seria capaz de, num momento desses, respeitar o poderoso 'Não matarás'?

É verdade que, visto sob um ponto de vista prático, a ação de Thich repercutiu no mundo inteiro, e levou as pessoas a refletirem acerca da guerra. Mas, penso eu, não é este o sentido da ação do monge. Há um outro sentido na ação de Thich que considero vital. Como já disse antes, Thich viveu num periodo complicado. Certamente, sentiu e viu coisas que o fizeram questionar tudo. Subitamente, todo o mundo perdeu o sentido. O que antes era um cosmos organizado, transformou-se em caos, e sem a perspectiva. Muitos não suportam este tipo de desespero - ele é para poucos. Thich estaria sendo coerente com tudo o que aconteceu e com tudo o que imaginamos que se passou com ele se pegasse em armas e expulsasse, com tiros e violência, os estrangeiros. Mas, o monge ateou fogo no próprio corpo. Por quê?

Thich procurou ser o próprio Buda, em certo sentido. Ele buscou a redenção, procurou purificar o desespero que deve ter lhe abatido para recuperar uma certa virgindade, inocência. Sua ação foi ainda mais radical que o "oferecer a outra face" cristão. Para ele, aquele mundo não fazia sentido. Podemos aqui lembrar de Rainer Maria Rilke: o verdadeiro poeta não necessita de 'coisas bonitas'. Ele é poeta até mesmo trancado em um quarto escuro. Penso que, tomado pelo desespero da guerra, Thich sentiu vergonha de si, pois o mundo não fazia mais sentido, não havia mais beleza, não havia mais um por quê. Thich acreditou na humanidade e ateou fogo em si: era ele quem precisava ser purificado, e não a humanidade. Acredito este ser o sentido da purificação. Purificar os desejos não significa punir o corpo e ascender ao céu. Thich sentiu-se como um poeta trancado em um quarto escuro e sem acesso a qualquer tipo de inspiração. Então, transformou seu próprio corpo em inspiração.

Não acho que posso dizer se a ação dele é certa ou errada. Penso que são em momentos terríveis assim que descobrimos quem realmente somos. Thich Quang Duc não desistiu de sua humanidade. Ele não suportou a idéia de ser alguém mesquinho e baixo, e optou por purificar tal idéia com o fogo.

O site onde Bishop fala é este (correção: o site saiu do ar, infelizmente).

Du Fu

Segue abaixo uma tradução que fiz, há muito tempo, para um poema de Du Fu. Vale lembrar, toda uma tradução é sempre uma traição - as duas palavras possuem uma mesma raiz etimológica. Consultou-se o texto no chinês, com o auxílio de um bom dicionário, e uma versão em inglês do poema.

Canção das carroças

"As carroças ribombam e afluem, os cavalos relincham furiosos,
os soldados marcham com arcos e flechas em seus cintos.
Parentes, esposas e crianças correm para vê-los partir,
A fumaça que eles levantam esconde até a ponte Xianyang.
Eles vestem suas roupas e fazem seu caminho, barrando o choro,
mas este atinge diretamente as núvens do céu.
Um transeunte pergunta "Por quê?" a um soldado,
e ele responde que este recrutamento acontece com freqüência.
"Aos quinze, vários foram enviados para o norte para proteger o rio,
então aos quarenta são enviados até os campos do oeste.
Quando nós fomos para longe, os ancestrais olharam por nossas cabeças,
retornando com as cabeças brancas, fomos enviados para a fronteira.
Lá, não é água que corre no rio, mas sangue,
pois não há limites nas guerras e ambições do imperador.
Não percebe que, nos distritos ao leste das montanhas,
nascem árvores com espinhos nos mil vilarejos?
Mesmo que hajam mulheres fortes para agarrar a enxada, ir para o arado
e colher, não há ordem no campo.
Além disso, nós, soldados de Qin, lutamos a pior das lutas,
sempre sendo conduzidos como se fôssemos cachorros ou galinhas.
Um senhor pode me perguntar isso,
mas e um soldado? Pode se atrever a reclamar?
Mesmo nesse tempo de inverno,
soldados do oeste não param de passar.
O magistrado está ávido por impostos,
mas como podemos pagar?
Agora, ter garotos é ruim,
enquanto ter garotas é o melhor;
pois as garotas podem ser casadas com os outros,
enquanto os garotos são enterrados junto à grama.
Você não viu a fronteira de Qinghai,
os esqueletos dos homens que ali se juntavam?
Os novos fantasmas estão furiosos com a injustiça, os velhos fantasmas choram,
e uma chuva escura do céu negro caí nas vozes que urram"