Certa vez, participei de uma twitcam que discutia alguns temas relacionados ao teismo e ao ateísmo. Como estudante de filosofia, adoro esse tipo de discussão. E as pessoas que assistiam e participavam da conversa - algumas se declaravam ateus, enquanto outras diziam crer em deus - eram educadas e inteligentes, o que permitiu o fluir da conversa. Por causa de minha formação, fizeram várias perguntas acerca do tema na filosofia, como sobre a famosa afirmação marxiana que diz que "a religião é o ópio do povo", ou mesmo para explanar brevemente o que Nietzsche quis dizer com "deus está morto". E eles conseguiram compreender que os dois estavam apenas fazendo um diagnóstico da época onde viviam, e que não se tratavam de pensamentos que expõem argumentos teológicos.
Mas a pergunta que gerou mais incompreensão foi uma pergunta bastante simples. "- Você é ateu, ou você acredita em deus?", me perguntaram. A pergunta oferece duas opções e pede que você escolha uma delas: Ou uma, ou outra. A expressão 'Ou' marca uma relação exclusiva: Ser ateu e acreditar em deus são duas coisas opostas, e é impossível que uma pessoa seja as duas coisas ao mesmo tempo.
Enquanto estudante de filosofia, sei que existem argumentos imbatíveis para a existência e a não-existência de deus. Mas eles não vem ao caso agora. A questão é: Sou isso, ou sou aquilo? O que sou?
Entendo que só posso afirmar que sou teísta se puder sustentar que deus existem. Os argumentos e referências estão ai: Basta verificarmos a presença do sagrado nas diversas civilizações humanas, demonstrando que não se trata de simples falatório. Da mesma forma, só posso afirmar que sou ateu se puder sustentar que deus não existe. E os argumentos também estão ai: Os próprios gregos previram em textos a fura dos deuses do mundo, e vários pensadores (Plutarco, Lutero, Hegel, Nietzsche e Heidegger) desenvolveram longamente a tese da morte de deus. Os argumentos dos dois lados são poderosos, e você não pode simplesmente negá-los de forma arbitrária.
O grande problema é que vivemos em uma sociedade que espera que sejamos alguma coisa que ela possa reconhecer e controlar. Desse modo, é cômodo ser ateu ou teísta. O perigo consiste em apegar-se com tanta força a esse título a ponto de perder de vista o horizonte desde o qual a pergunta se coloca. De esquecer que, em última análise, não existe resposta definitiva acerca do divino. Nunca existirá. E, aliás, esse assunto não espera que nós o desvendemos. Antes, ele espera de nós crescimento e pensamento. E é por essa razão que existem teístas mais ateus que os ateus, e ateus mais teístas que os teístas.
A resposta que pude dar à pergunta foi negativa: Não sou ateu, e não sou teísta. Ou sou ateu e teísta ao mesmo tempo.
Mas a pergunta que gerou mais incompreensão foi uma pergunta bastante simples. "- Você é ateu, ou você acredita em deus?", me perguntaram. A pergunta oferece duas opções e pede que você escolha uma delas: Ou uma, ou outra. A expressão 'Ou' marca uma relação exclusiva: Ser ateu e acreditar em deus são duas coisas opostas, e é impossível que uma pessoa seja as duas coisas ao mesmo tempo.
Enquanto estudante de filosofia, sei que existem argumentos imbatíveis para a existência e a não-existência de deus. Mas eles não vem ao caso agora. A questão é: Sou isso, ou sou aquilo? O que sou?
Entendo que só posso afirmar que sou teísta se puder sustentar que deus existem. Os argumentos e referências estão ai: Basta verificarmos a presença do sagrado nas diversas civilizações humanas, demonstrando que não se trata de simples falatório. Da mesma forma, só posso afirmar que sou ateu se puder sustentar que deus não existe. E os argumentos também estão ai: Os próprios gregos previram em textos a fura dos deuses do mundo, e vários pensadores (Plutarco, Lutero, Hegel, Nietzsche e Heidegger) desenvolveram longamente a tese da morte de deus. Os argumentos dos dois lados são poderosos, e você não pode simplesmente negá-los de forma arbitrária.
O grande problema é que vivemos em uma sociedade que espera que sejamos alguma coisa que ela possa reconhecer e controlar. Desse modo, é cômodo ser ateu ou teísta. O perigo consiste em apegar-se com tanta força a esse título a ponto de perder de vista o horizonte desde o qual a pergunta se coloca. De esquecer que, em última análise, não existe resposta definitiva acerca do divino. Nunca existirá. E, aliás, esse assunto não espera que nós o desvendemos. Antes, ele espera de nós crescimento e pensamento. E é por essa razão que existem teístas mais ateus que os ateus, e ateus mais teístas que os teístas.
A resposta que pude dar à pergunta foi negativa: Não sou ateu, e não sou teísta. Ou sou ateu e teísta ao mesmo tempo.