Por ROBERTO VIEIRA
Há 100 anos nascia Cartola.
Mas não aquele cartola com letra minúscula, cartola de fraque e capital.
Há 100 anos nascia Cartola. Poeta. Nobre. Imortal.
Cartola que foi viver na Mangueira desde os tempos em que o Mangueira jogava futebol com os craques da fábrica de chapéus.
Mangueira que perdia por 24 x 0 do Botafogo, porque tudo no mundo acontece.
Vendo que o Mangueira era bom de samba e ruim com a bola no pé, Cartola aos 19 anos chamou os amigos e fundou a tradução musical do futebol brasileiro:
A Escola de Samba Estação Primeira de Mangueira.
Pois em cada drible de Paschoal Cinelli havia um acorde de Carlos Cachaça.
Na harmonia de Heitor dos Prazeres, um gol de Nilo e Nonô.
Como o mundo é um moinho, Cartola compunha suas canções enquanto enfrentava a fome e a solidão. Lavando carros.
Sorrindo ante a mocidade perdida.
Até que um dia apareceu uma rosa chamada Euzébia Silva do Nascimento. Ou melhor, Dona Zica.
Como a Dona Guiomar do Mestre Didi.
Alvorada em pleno inverno do seu tempo. Como um gol no último minuto de uma final de campeonato.
E na prorrogação de sua vida, Cartola virou o jogo nas cordas de aço.
Poeta idolatrado pelas novas gerações de sambistas.
Nobre senhor de rimas e versos de outrora.
Imortal, pois só Cartola entendeu a linguagem das rosas...
Nenhum comentário:
Postar um comentário